Expansão pela conexão com o feminino primordial, o trânsito de Júpiter em Câncer

Ler os trânsitos de Júpiter é sempre um caminho de renovação das esperanças já que o nosso gigante zodiacal é considerado um grande benéfico, comunicador das boas novas, detentor da boa sorte.

Ele é o planeta das oportunidades, ficamos de olho nele para entender quais são as possibilidades de expansão, os caminhos que prometem maiores avanços e mais chances de conquistas.

Júpiter também está conectado à justiça, e nos leva a refletir sobre a vida como um eterno processo de semeadura e colheita. É nos movimentos dele que podemos usufruir dos frutos dos nossos esforços.

Por sua grande magnitude no sistema solar, sendo o maior planeta de todos, podemos sentir sua influência de forma exagerada, e seu posicionamento revela intensidades e extravagâncias.

Um exercício que gosto de aplicar para entender os planetas é vê-los como personas ou personagens, e na minha tela mental Júpiter é um mago, estilo Dumbledore, de chapéu pontudo, barba comprida, exalando   sabedoria, misticismo, se apresentando como um grande oráculo para quem busca por conhecimentos expansivos ou respostas para satisfazer as inquietudes da alma.

É o grande detentor das chaves filosóficas para compreender a vida, sob sua influência as perguntas nos movem e nos tornamos buscadores, sempre dispostos a entender um pouco mais sobre os mistérios da experiência terrena, tendo a liberdade como guia, buscando extrapolar qualquer barreira que nos impeça de viver em totalidade.

Os trânsitos de Júpiter, quando bem aproveitados, podem oferecer um momento de importante evolução e salto de consciência, com aquela sensação boa de ter saído do lugar, avançado, resolvido dores e questões que nos apequenam.

Ao sermos tocadas por Júpiter percebemos a imensidão de possibilidades que se apresentam a todo momento e temos a sensação da roda da vida estar girando a todo vapor.

Júpiter nos dá o caminho para o conhecimento profundo do bem-viver e é um grande aliado nos momentos que estamos em uma jornada de busca pela realização da alma, quando temos coragem ou somos empurradas por uma crise existencial à investigação do nosso propósito maior.

Signo de câncer

Ao adentrar Câncer em 09 de junho, onde ficará até 29 de junho de 2026, Júpiter é colorido com a paleta azul mar do primeiro signo do elemento água. Representado pelo caranguejo e regido pela Lua é o maior símbolo do feminino entre os 12 arquétipos zodiacais, tendo sua expressão energética conectada às águas do mar, salgadas, antigas, profundas, cíclicas, instáveis e temperamentais.

Nesse signo Júpiter enquanto nosso mago alquimista tem no seu grande caldeirão uma mistura maternal de acolhimento, aconchego, nutrição e cuidado, indicando que os caminhos que nos levarão ao crescimento são aqueles que trazem aquele quentinho gostoso para o nosso coração.

Não há nada melhor nessa vida do que a sensação de lar e a segurança de pertencer à onde se está, essa pode ser uma benção jupteriana para esse período, nos ajudando a reconhecer quais situações, pessoas e vivências nos despertam esse pertencimento. Procure estar em estado de atenção para essa sensação pois ela será uma bússola importante para guiar seus passos nos próximos tempos.

A grandeza de Júpiter durante o período de permanência em Câncer reflete diretamente em nosso campo emocional e afetivo, ativando nossa sensibilidade e movimentando, e muito, nossas águas internas, nos colocando frente a frente com toda nossa potência de sentir, amar, cuidar, criar, potência essa que precisa ter vazão.

Digo isso pois diante da intensidade desse trânsito, se não permitirmos que as águas fluam, podemos nos afogar nelas, e aqui fica o questionamento, como você dá vazão às suas emoções? Você tem com quem falar abertamente sobre elas? Consegue perceber os momentos em que está tomada por um sentimento, nomeá-lo e dar a atenção que ele precisa para transmitir a mensagem que trouxe do seu interior?

Essas são perguntas interessantes para serem observadas pois todos temos uma vastidão de emoções e sentimentos fluindo a todo tempo e a passagem de Júpiter no signo de Câncer tende a trazer tudo isso à tona.

O glifo de Câncer é composto de duas partes, uma indo e outra voltando, esse símbolo nos ajuda a entender a natureza nostálgica desse signo, podendo trazer saudades e até mesmo um sentimento de melancolia, nos fazendo resgatar aspectos do passado e até mesmo reviver momentos já vividos.

Uma das maiores potências cancerianas é a inteligência emocional, é um dos signos com maior vocabulário emocional e capacidade de acolher e dar voz ao universo interior. A questão é que para que um signo revele sua virtude essencial é necessário iluminar as sombras e aprender a utilizar com maturidade suas potências.

Porém, a grande tendência que vivemos é uma dificuldade de expressar as forças cancerianas pois vivemos sob a escassez da polaridade feminina, em uma sociedade regida por um sistema patriarcal com desequilíbrio da energia masculina que se apresente em excesso.

Será a volta do matriarcado?

Brincando novamente de criar uma imagem mental para Júpiter, talvez durante sua passagem por Câncer a sua roupagem seja a de uma iluminada senhora, aquela avó querida e acolhedora que transmite sabedoria ancestral só pelo olhar, que tem conselho pra todas as dores do mundo e está sempre aberta e disposta a acalentar corações duvidosos e angustiados.

Diz a lenda que num passado distante as sociedades eram estruturadas sob um sistema matriarcal, era um tempo de igualdade onde os atributos femininos eram valorizados, cuidados e transmitidos como valores supremos, a abundância reinava, o sagrado era respeitado e a vida de todos os seres era regida pela harmonia.

Em algum momento trágico do passado esse sistema deixa de vingar e o ser humano – de forma individual e coletiva - rompe com a natureza, seus reinos e ciclos começamos a manifestar a violência, o egoísmo e a competição, nos afastando drasticamente da grande mãe e da conexão com os princípios femininos.

O tempo passa, gerações novas surgem, tecnologias inovadoras tomam conta de nossas vidas, há modernidade em tudo e até viagens espaciais, tão presentes na ficção, são realidade, mas é claro e perceptível como nosso mundo interno, espiritual, sentimental e intuitivo parece ainda não ter espaço.

Ao nos depararmos com um chamado interno de busca por maior sentido na vida – que sempre vem, uma hora ele vem - adentramos a uma jornada solitária, silenciosa, quase sem mapas. Fica claro o tamanho do prejuízo que séculos de repressão e negação ao campo sensível tem para nosso desenvolvimento.

Mas há uma tendência, que esse movimento de Júpiter por Câncer impulsiona, é tempo de reaver as conexões perdidas, de voltar para o colo da mãe e lembrar como é bom ser nutrida, cuidada, amada.

Resgatar conhecimentos ancestrais baseados em uma relação de harmonia com a terra e com o todo é a chave para o bem viver, para ir expurgando da nossa vida e da nossa sociedade a dor, a desigualdade, a separação e a violência, consequências do caminho desgarrado de mãe que a humanidade trilha.

Como as marés, altas e baixas

Aaaah, então com esse trânsito tudo vai se resolver??? Calma lá, não é bem assim, Júpiter impulsiona todo esse processo e expande as boas energias para as temáticas trazidas até aqui, mas peço licença para lembrar que no começo do nosso papo eu te contei que Câncer é o signo de água associado ao mar.

Esse fato traz pra nossa reflexão a temática da instabilidade, da oscilação e da ciclicidade. Seria bem interessante que a gente olhasse pra nossa evolução durante esse período como quem olha pro mar, percebendo que cada dia ele é um, que com o passar das horas ele muda, que com a dança da lua ele se enche e se esvazia.

Também devemos olhar para esse movimento de conexão e resgate do feminino primordial sob essa perspectiva, compreendendo que podem haver altos e baixos e que é justamente ao lidar com essas oscilações que vamos ganhando maturidade emocional e enriquecendo nosso mundo interior.

Deixa seu coração te guiar

Ao longo desse ano que Júpiter estará em Câncer o que melhor podemos fazer é nutrir a conexão com nosso coração, buscando agir de acordo com aquilo que faz sentido e tendo coragem de firmar o amor no nosso dia a dia. Amor e acolhimento só podem ser compartilhados se primeiro forem cultivados em nosso interior. Que as águas desse trânsito possam nos levar para o profundo de nós mesmas e que de lá possamos aproveitar essas energias da forma mais elevada possível.